* Por Augusto Barros
Em seu discurso, Fábio Sá Earp e George Kornis tratam da defasagem entre a enorme produção de livros e a limitada capacidade e oferta de leitores. Segundos os autores, esse déficit torna-se o maior desafio dos produtores de livros, pois é necessário que este saiba não apenas como colocar seus livros no mercado, mas sim fazer com que eles cheguem ao seu público específico.
Inicialmente os professores começam com uma provocação, citando o escritor mexicano Gabriel Zaid que diz: “o quê é um bom livro quando ninguém sabe onde está ou o solicita”?
Em seu discurso, Fábio Sá Earp trata da defasagem entre a enorme produção de livros e a limitada capacidade e oferta de leitores. Esse déficit torna-se o maior desafio dos produtores de livros, pois é necessário que este saiba não apenas como colocar seus livros no mercado, mas sim fazer com que eles cheguem ao seu público específico (como no caso do livro ‘Medicina Alternativa de A a Z’). Fica no ar a pergunta: o quê é um bom livro quando ninguém sabe onde está ou o solicita? A produção de livros cresce e a enorme quantidade de títulos e exemplares produzidos todos os anos se divide entre livros que dão prejuízo, ou se bancam sem gerar lucro e uma minoria lucrativa, os Best-sellers. Entretanto, condenar livros que não se pagam apenas pela ótica do mercado é desperdiçar o valor intrínseco deles.
Segundo Earp, a razão da enorme produção editorial está em alguns fatores pontuados: o fato do livro se um bem barato de ser produzido; a sua viabilidade em pequena escala produtiva ou mesmo em grande escala; e a facilidade de criar uma editora – não há nenhuma barreira a quem deseje abrir uma editora.
Entretanto, a enorme oferta se contrapõe à quantidade limitada de livros que um leitor comum pode ter. A partir desse paradoxo, os autores apresentam aquilo que ele chama de “o problema básico da economia do livro”: o descompasso entre a oferta global e a limitada capacidade de absorção do consumidor individual.
Formar um leitor é algo muito caro, não apenas do ponto de vista financeiro, mas também pelo tempo que leva formar um leitor. É preciso levar em conta também a concorrência que o livro tem com outras formas de entretenimento. Nesse ponto, Fábio Sá Earp sintetiza muito bem seu ponto de vista quando dizem que “o principal obstáculo para a circulação do livro não é o preço, mas os diferentes interesses do autor e do leitor, as características do texto e as dificuldades da leitura e da escrita [...]”.
Soma-se à dificuldade de formar o leitor, o fato de que ele apenas se interessará por poucos assuntos. A partir desse ponto, um grupo de leitores com um gosto em comum forma um nicho, centro de demanda de livros, que procurará livrarias e bibliotecas. Entretanto, mesmo livrarias e bibliotecas têm limitações orçamentárias e espaciais e precisam encontrar livros que agradem aos seus leitores.
Por fim, a questão central é: o editor não deve colocar seu produto no mercado aleatóriamente, mas encontrar o leitor certo para seus títulos e saber distribuí-los.
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