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terça-feira, 28 de setembro de 2010

O melhor de dois mundos - livro e gastronomia

Entre provas,negociação de projetos, processos de seleção, editais de concurso e experimentos culinários para relaxar...ontem, enfim, assisti Julie & Julia. Uma aula perfeita de escrita interativa, edição 2.0, captação e agenciamento literário.Entretanto, juro que fiquei com vontade de largar o mercado editorial e mergulhar de vez na gastronomia (rs). Quem ainda não viu, veja!

http://www.youtube.com/watch?v=OBc5n9lwDgM

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Conferência: O dinheiro e as letras – História do capitalismo editorial

Imperdível! O professorJean-Yves Mollierda Université de Versailles Saint-Quentin-en-Yvelines, responsável pelo Pólo Livro, Edição, Leitura do Centre d’histoire culturelle des sociétés contemporainesvem ao Brasil para uma série de encontros no Rio, São Paulo e Curitiba, para lançamento de seu novo livro O dinheiro e as letras – História do capitalismo editorial (Edição Edusp).



Rio de Janeiro:
Data: 10/8/10 |terça-feira
Horário: 10h30m
Local: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) - Auditório 91 – 9º andar
Rua São Francisco Xavier, 524 - Pavilhão João Lyra Filho

São Paulo:
Data: 12/8/10 |quinta-feira
Horário: 10horas
Local: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – Auditório Ferdinand Braudel – USP
Cidade Universitária
*
Curitiba:
Data: 13/8/10 | sexta-feira
Horário: 14horas
Local: Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) - Curitiba - Sala 2, Bloco C
Programa de Pós Graduação em Comunicação e Linguagens

Entrada franca. Vagas limitadas.

Para mais informações sobre o Jean-Yves Mollier, veja em:

sexta-feira, 28 de maio de 2010

“Não é assim, meu amor...”

(Carlos Eduardo)

A série de palestras promovida pela Cátedra da PUC no âmbito do curso “A Produção do Livro” atingiu seu ápice – até o presente momento – com a presença de três representantes do mercado editorial no último dia 06 de maio.

Com bom humor e uma certa intimidade, o jornalista e autor Domingos Meirelles, a revisora Fátima Barbosa e a designer e artista plástica Sandra Pinta expuseram certos meandros do mercado; principalmente no que tange à criação do livro como produto.
“Cuidado” parece ser a palavra de ordem na exposição de Meirelles em relação ao processo de criação de um livro; do “descobrimento” do tema às demais manipulações da obra, passando por obstáculos ou boas surpresas, tais como a cadência de cada capítulo, a via crucis da pesquisa, e os desdobramentos da escolha da capa. Mesmo com boas tiragens de seus dois livros – “A Noite das Grandes Fogueiras” e “1930” –, o próprio autor argumenta que aqueles palestrantes são “profissionais que fogem da média”.
Em tom apaixonado, Fátima Barbosa concorda com o aspecto traiçoeiro do mercado editorial, e enfatiza que a árdua “carpintaria” do texto trabalhada na função do revisor não raro é mal entendida tanto pelo público quanto por profissionais do meio.
Sandra Pinta, por sua vez, destaca o exercício de adequação, sedução e emoção, além da busca de um conceito (“50% do trabalho”, segundo ela) para a capa. Nem sempre a parte técnica corresponde ao gosto pessoal.
A julgar pelo agradável debate entre as partes, o mercado editorial ainda tem lá suas armadilhas.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A experiência conta

por: Mônica Ferreira

O jornalista e escritor Domingos Meirelles contou um pouco de sua experiência como autor dos livros, As Noites das Grandes Fogueiras. Uma História da Coluna Prestes (Prêmio Jabuti/Melhor Reportagem de 1996) e “1930 - Os Órfãos da Revolução”. Ganhou o Jabuti de 2006, na categoria Ciências Humanas. Meirelles relatou ainda durante o seu discurso como foi a criação do livro, os personagens, capa, conteúdo e até mesmo sobre a recepção dos leitores. Um fato que desperta a atenção de Meirelles e ao mesmo tempo surpreende são os leitores surgindo de onde ele menos espera. Simpático e bem-humorado falou com propriedade de alguns de seus trabalhos ao longo de quase 45 anos de trajetória no jornalismo.

Logo após o discurso de Meirelles, foi a vez de Fátima, do copydesk, da editora Record falar um pouco das suas atividades. Pelo que entendi cabe a este profissional rever os textos com o objetivo de observar a sintaxe, ortografia e pontuação, adequando a linguagem aos padrões gramaticais. O desempenho deste profissional é bastante minucioso onde requer muita atenção, onde, diga-se de passagem, se faltar um (s) os leitores ligam para as editoras reclamando do erro ortográfico. De fato, é um trabalho primoroso.

Depois foi a vez de Sandra Pinta, designer gráfico mostrar alguns de seus trabalhos e explicar um pouco de suas criações. Entre tantos projetos gráficos mostrados em sala me surpreendo como ela consegue passar o conceito em seus trabalhos e conquistar autores, editores e o querido, leitor. Aprendi muito com ela.   

terça-feira, 4 de maio de 2010

Três profissionais do livro e dois dedos de prosa

Pedro Fortunato* escreveu dois livros por uma grande editora brasileira. Liana Abrantes* gerencia, pelo que pude entender, o setor de copidesque e revisão dessa editora. Helena Müller*, por sua vez, faz projetos gráficos para diversas editoras.

Fortunato é herdeiro de um certo jornalismo literário da saudosa revista Realidade (que por sua vez agregava profissionais querendo experimentar abaixo da linha do Equador o que Gay Talese, Tom Wolfe e Truman Capote já haviam consagrado como Novo Jornalismo nos EUA na década de 1950 e início da década de 1960). Profissional experiente, passou pela mídia impressa e televisiva, imprimindo autoria bem particular na construção de sua trajetória. Como autor, mostrou-se diferenciado pela preocupação com o processo de produção do livro, algo não muito comum entre os escritores. Cuidados como o ponto de vista da narrativa, as escolhas para construir verossimilhança, e, mais que isso, seduzir o leitor, são constantes no que se pôde verificar em sua fala. Não tive dúvida de que estava diante de um verdadeiro profissional do livro. Nenhuma ingenuidade. Que mal há, afinal, em aliar competência, estilo e, por que não, uma maneira de seduzir desde as primeiras linhas o leitor? Se se escreve um livro, ele deve ser lido! Vendido, pois!

Palmas para o Fortunato, aprendamos com ele.

Abrantes me assusta. São mais de 30 anos trabalhando com revisão de livros, seja metendo a mão na massa seja cuidando para que outros, sob sua supervisão, o façam. Sua fala parece ser desajustada com seu pensamento, pouco se compreende daquilo que parece formular. Sua fala claudica porque seu pensamento parece claudicar. Será alguma espécie de afasia, será nervosismo por falar em público? As duas coisas? Nenhuma das duas? O que seria aquilo afinal? Um breve encontro foi muito pouco para saber ao certo o quereria dizer aquela profissional que, certamente, tem competência. Ninguém ficaria tanto tempo no mercado, se incompetente fosse. Mas, o certo, é que, pelo que ela conseguiu mostrar no desempenho da sua fala, a decepção foi minha. Fiquei pensando naquilo que tanto ela, saudosa, se ressentia nos leitores contemporâneos: “Os leitores eram contemplativos!” Será que de tão contemplativa, Abrantes tem dificuldade de intervir no biopsicossocial do mundo? Se for esse o caso, não será o caso de se ter o cuidado de não a convidar para encontros como esse? O tetê-à-tête talvez seja o segredo. Serei obrigado, provisoriamente, a me contentar com o mistério.

Müller é uma profissional experiente. Conhece o seu métier. Sabe de suas limitações, e tira partido disso. Estabelece caminhos variados para desenvolver seus projetos gráficos. Parece transitar habilidosamente pelos cômodos nem sempre confortáveis em que habitam os partícipes da produção editorial. Gostaria de, sem nenhuma dúvida, conhecer mais profissionais desse calibre.


* As personagens do texto aparecem sob pseudônimo, por conta de juízos de valor apontados, aqui e ali, desfavoráveis. São-me caras, em vez disso, as reflexões que podem ser feitas sobre as falas por elas produzidas.

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O encontro com Teodoro Koracakis foi-me muito produtivo. Saber, por exemplo, das ingerências editoriais na obra de Sérgio Sant'Anna foi algo enriquecedor. Ajudou a desmitificar uma certa visão idealizada a respeito de autores que produzem literatura canônica. Observar o produto livro a partir da ótica do editor é uma experiência singular. Suas escolhas, as consequências de seu planejamento (ou falta de) na composição mercadológica da editora auxiliam a construir o mosaico, parece sempre incompleto, da cadeia produtiva do livro.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Um breve negócio de ideias sobre o negócio do livro

Por Duda Costa

Muitos dos que, ao contrário desta que ora escreve, estiveram presentes na palestra do economista Fábio Sá Earp realizada na Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio no dia 13 de abril de 2010 destacaram, como aspecto geral da sua interessante abordagem, um tom, digamos, pessimista em relação ao negócio do livro no Brasil.

Em trabalho publicado em 2005, Fábio Sá Earp e George Kornis (2005) são categóricos ao afirmar que o “problema básico da economia do livro é [...] um descompasso entre a imensa oferta global e a limitadíssima capacidade de absorção do consumidor individual”. E parece ser esta a chave a abrir e fundamentar a sua pesquisa: a identificação do(s) problema(s) do negócio do livro em nosso país.

Para explicar este impasse inicial de que a oferta e a demanda do livro estão longe de ser equilibradas, os autores apresentam duas razões. A primeira: “o livro é um bem muito barato de se produzir”. A segunda: “não há nada mais caro do que produzir um leitor”.

Os dados e informações de base para esta e as demais conclusões e análises do trabalho dos autores são retirados da pesquisa sobre a produção e as vendas do setor editorial brasileiro, fornecida, desde 1992, pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Todavia, também aqui não há chance de rendição ao otimismo: “Esses dados devem ser vistos com cuidados, pois um dos mais bem informados de nossos entrevistados afirmou que as editoras em má situação costumam ‘dourar a pílula’ e escondem seus problemas”.

Igualmente convidado pela Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio, o gerente executivo do SNEL, Antonio Laskos, realizou também uma palestra sobre o assunto. Com os mesmos dados fornecidos pela pesquisa do SNEL, Laskos mostrou-se bastante confiante e otimista ao afirmar que, se comparado com outros países, o custo do livro no Brasil não é de forma alguma caro. Concordou, no entanto, que falta poder aquisitivo e, sobretudo, uma “cultura leitora”, no sentido não só de estimular o público leitor já existente, como também, e mais importante ainda, de criar novos leitores. Sá Earp e Kornis, por sua vez, comparam o índice de capacidade de compra de livros no Brasil com o de outros países, já considerando, em seu cálculo, o preço relativo do livro, isto é, a renda per capita dividida pelo preço médio absoluto do livro. E concluem: “Os livros brasileiros são bastante caros, ficando em companhia dos alemães e belgas, mas ainda bastante mais baratos do que os chineses e mexicanos, os mais caros do mundo em termos relativos”. No final das contas, a conclusão não deixa de ser a mesma de Laskos: o livro (barato, em termos absolutos, mas caro em termos relativos) está fora do alcance da população de baixa renda, que, no caso do Brasil, compõe importante fatia da estrutura econômica nacional.

Com grande razão, Sá Earp e Kornis são também categóricos ao afirmar que o negócio do livro não é compatível com o tamanho da economia brasileira. Antonio Laskos parece concordar, ao comparar os números de faturamento e venda do livro com o do mercado floricultor no país, por exemplo, a fim de demonstrar o quanto a prática do negócio do livro ainda está aquém do seu potencial.

A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” (http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/dados/anexos/48.pdf), realizada pelo Instituto Pró-Livro e apresentada por Antonio Laskos, conclui que o consumo de livros cresce conforme renda e escolaridade. Há, portanto, ainda, grande margem para o crescimento do público consumidor do livro. Um exemplo disso são os números do “varejo oculto: a venda porta-a-porta”, segundo Sá Earp e Kornis, aspecto que Antonio Laskos também destaca: “Esse segmento da cadeia do livro, também chamado de venda direta, é quase inteiramente desconhecido, mas se constitui no mais importante gerador de empregos. Enquanto todo o setor editorial emprega pouco mais de 20 mil pessoas, os vendedores porta-a-porta são no mínimo 30 mil, podendo chegar a 50 mil”. “O público-alvo são os consumidores de baixa renda, as famosas ‘classes D e E’, que fazem praticamente todas as suas comprar a crédito [...]. Os livros são baratos porque seus custos editoriais e gráficos são muito baixos (pois o consumidor não é exigente) e porque as tiragens são altas – nunca menores do que cinco mil exemplares”.

Em um momento em que muito se discute sobre a inserção do país na era dos livros digitais, as falas de Antonio Laskos e de Fábio Sá Earp e George Kornis apontam, antes de tudo, para um extenso caminho a ser percorrido em busca de uma política de incentivo e de formação de leitores, a fim de que a enorme economia de mercado brasileira possa se ver refletida na ampliação e no desenvolvimento da economia do livro, com número crescente de consumidores e, por que não?, de apaixonados por livros.

Referências Bibliográficas:

SÁ EARP, Fábio; KORNIS, George. A economia da cadeia produtiva do livro. Rio de Janeiro: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, 2005a. Disponível em: . Acesso em: 24 abr. 2010.

______. A economia do livro: a crise atual e uma proposta de política. Série Textos para Discussão. Rio de Janeiro: UFRJ, Instituto de Economia, 2005b. Disponível em: . Acesso em: 24 abr. 2010.

Obs.: As citações a Antonio Laskos foram feitas com base no conteúdo apresentado por ele em palestra realizada na Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio, no dia 15 de abril de 2010, para os alunos do curso de pós-graduação “A Produção do Livro: Do Autor ao Leitor”.


Curso: A PRODUÇÃO DO LIVRO: do autor ao leitor
Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio
Aluna: Maria Eduarda de Oliveira Costa, turma 2009.2
Módulo: O negócio do Livro – profa. Elisângela Alves

domingo, 25 de abril de 2010

O Livro e o leitor


* Por Augusto Barros

Em seu discurso, Fábio Sá Earp e George Kornis tratam da defasagem entre a enorme produção de livros e a limitada capacidade e oferta de leitores. Segundos os autores, esse déficit torna-se o maior desafio dos produtores de livros, pois é necessário que este saiba não apenas como colocar seus livros no mercado, mas sim fazer com que eles cheguem ao seu público específico.
Inicialmente os professores começam com uma provocação, citando o escritor mexicano Gabriel Zaid que diz: “o quê é um bom livro quando ninguém sabe onde está ou o solicita”?
Em seu discurso, Fábio Sá Earp trata da defasagem entre a enorme produção de livros e a limitada capacidade e oferta de leitores. Esse déficit torna-se o maior desafio dos produtores de livros, pois é necessário que este saiba não apenas como colocar seus livros no mercado, mas sim fazer com que eles cheguem ao seu público específico (como no caso do livro ‘Medicina Alternativa de A a Z’). Fica no ar a pergunta: o quê é um bom livro quando ninguém sabe onde está ou o solicita? A produção de livros cresce e a enorme quantidade de títulos e exemplares produzidos todos os anos se divide entre livros que dão prejuízo, ou se bancam sem gerar lucro e uma minoria lucrativa, os Best-sellers. Entretanto, condenar livros que não se pagam apenas pela ótica do mercado é desperdiçar o valor intrínseco deles.
Segundo Earp, a razão da enorme produção editorial está em alguns fatores pontuados: o fato do livro se um bem barato de ser produzido; a sua viabilidade em pequena escala produtiva ou mesmo em grande escala; e a facilidade de criar uma editora – não há nenhuma barreira a quem deseje abrir uma editora.
Entretanto, a enorme oferta se contrapõe à quantidade limitada de livros que um leitor comum pode ter. A partir desse paradoxo, os autores apresentam aquilo que ele chama de “o problema básico da economia do livro”: o descompasso entre a oferta global e a limitada capacidade de absorção do consumidor individual.
Formar um leitor é algo muito caro, não apenas do ponto de vista financeiro, mas também pelo tempo que leva formar um leitor. É preciso levar em conta também a concorrência que o livro tem com outras formas de entretenimento. Nesse ponto, Fábio Sá Earp sintetiza muito bem seu ponto de vista quando dizem que “o principal obstáculo para a circulação do livro não é o preço, mas os diferentes interesses do autor e do leitor, as características do texto e as dificuldades da leitura e da escrita [...]”.
Soma-se à dificuldade de formar o leitor, o fato de que ele apenas se interessará por poucos assuntos. A partir desse ponto, um grupo de leitores com um gosto em comum forma um nicho, centro de demanda de livros, que procurará livrarias e bibliotecas. Entretanto, mesmo livrarias e bibliotecas têm limitações orçamentárias e espaciais e precisam encontrar livros que agradem aos seus leitores.
Por fim, a questão central é: o editor não deve colocar seu produto no mercado aleatóriamente, mas encontrar o leitor certo para seus títulos e saber distribuí-los.


sexta-feira, 23 de abril de 2010

Em meio às incertezas, as possibilidades

* Sergio França

Impressões sobre a palestra do economista Fábio Sá Earp

   O mercado do livro é caleidoscópico. Dependendo de que ângulo é observado, toma as mais variadas formas, adquire as mais diferentes cores, aponda para múltiplos caminhos. O Grupo Editorial Record, onde trabalho, é completamente diferente da editora Aeroplano, objeto da pesquisa de meu grupo no módulo passado (Linhas Editoriais), que é diversa da Pallas, ou da Objetiva, todas estas objetos de nossos estudos. Então o que é o mercado editorial brasileiro? É tudo isso e tantas vezes maior quantas forem as editoras, livrarias, distribuidoras, bibliotecas, programas de distribuição do livro pelo governo e outras variantes mais. É de fato um mercado complexo, entendido por poucos (se é que há quem o entenda) e muito, muito imprevisível. Daí a importância da pesquisa sobre a economia da cadeia produtiva do livro, apresentada pelo economista Fábio Sá Earp.
  Ela traz uma mostragem diversificada, porém classificada, dos segmentos e, por conseguinte, mostra as perspectivas e as dificuldades da navegação por estes mares. E aproveitando a ilação com o mar, mostra a importância da compreensão da leitura das estrelas, da necessidade da bússola e da decodificações destes sinais em busca de um porto seguro.
   Tenho tido a oportunidade de presenciar um grande número de encontros editoriais, livreiros, do mercado como um todo, e à do economista Earp, outras se juntam. Como ela, apontam para a facilidade de se criar editoras, da dificuldades para mantê-las, do baixo número de livrarias e de sua concentração na região Sudeste (mas felizmente apontam para um crescimento, além da região Sul, da região Nordeste também), da baixa média de leitura no Brasil, do enorme abismo escolar  - que bem ou mal, vem-se tentando escalar -, enfim, uma análise que pode parecer preocupante. Mas se o é por uma ótica, pode ser promissora por outra.
  E esta outra ótica, a otimista, deveria ser observada por nós, estudantes deste mercado. É a perspectiva da oportunidade.
   Como se pode ver na pesquisa, o Brasil, se tem menos de vinte milhões de leitores de livro atualmente, tem um público potencial que se aproxima dos 90 milhões. Daí a vinda em massa das editoras estrangeiras, com ênfase no grande número de espanholas. Ora, é fantástico para um país, tomemos o caso da Espanha, que a média de leitura seja de oito, nove ou mais livros/ano, que as pessoas passem um enorme tempo de suas vidas lendo livros. Porém, e nós que somos bons leitores sabemos, há um momento que não há mais tempo de ler mais livros. Mesmo querendo muito ler mais, somente podemos ler um número limitado de livros por mês, por que temos que destinar tempo para nossas outras atividades. Assim é quando se gosta muito de ler. E assim é nestes mercados: a demanda é saturada, pois os leitores já lêem muito e não têm como ler mais. Isso não acontece aqui. Lê-se tão pouco que há muito espaço para aumentar as margens de leitura, lê-se tão pouco que o governo precisa subsidiar a leitura, lê-se tão pouco que não é dificil que se passe a ler mais um pouco.
   Daí a importância da profissionalização do mercado. Mas não devemos nos iludir achando que ele não é profissionalizado em nosso país. Em muitos lugares ele é, é muito, e exige muito dos seus quadros. A importância da análise destes dados apresentados pelo economista Fábio Sá Earp -  menos enraizada no lugar-comum e no pessimismo e mais atenta à grande possibilidade que se apresenta a quem pretende entrar, conhecer e desempenhar um grande papel não somente no mercado editorial, mas na democratização do conhecimento e do saber no Brasil.

Curso: A PRODUÇÃO DO LIVRO: do autor ao leitor.
Cátedra UNESCO de Leitura PUC - Rio
Aluno: Sérgio França, turma 2009.2
Módulo: O negócio do Livro – prof. Elisângela Alves

O que é o livro no Brasil?

* Por Frini Georgakopoulos



Vou tentar aqui escrever o que entendi a grosso modo, e resumido, das palestras – de Antonio Laskos e Fabio Sá Earp – e da literatura dada para as mesmas.


Em números absolutos, produzimos e vendemos poucos livros. Segundo estudos realizados, algo entorno de dois livros por habitante (per capita)  por ano são comprados no Brasil contra algo em torno de 9 por habitante  por ano em alguns países do primeiro mundo (estamos falando de dois específicos: Japão e EUA). Não importando o tamanho do mercado, esta claro que tudo é pouco no Brasil. A razão da pouca leitura passa por dois principais fatores, embora vários outros exerçam esta função, vou concentrar nos que considero os mais importantes, para não me estender em uma discussão  que nos levara a vários outros aspectos que não cabe aqui envolvê-los, por tomar um tempo enorme, e desviar da atenção especifica à que queremos compartilhar, que é a venda e distribuição do livro no Brasil.

-A baixa escolaridade de nosso povo com as dificuldades envolvidas na melhoria do aprendizado tão tradicional por aqui. A má distribuição de escolas públicas e professores dificultou ao longo dos anos a formação do habito da leitura, com baixos salários dos professores do ensino médio, falta de bibliotecas nas escolas publicas, são fatores que ajudam a não proliferação da leitura.

-O custo do livro proporcionalmente a renda per capita do brasileiro que, é alto para nossos padrões econômicos. Independente da renda do brasileiro, a indústria do livro tem um parque industrial que raramente, ou só quando para o governo, didáticos em geral e Best  Sellers consegue ter uma larga escala produtiva, justificando uma grande tiragem. Ainda assim, esta grande tiragem no Brasil não passa de algo quase mediano no rico mercado do primeiro mundo. Então, ainda que tenhamos uma boa qualidade nos equipamentos instalados no parque gráfico, não temos como reduzir custos por causa das pequenas tiragens produtivas.

O mercado do livro no Brasil tende a ser crescente, não de forma vegetativa, mas sim de forma absoluta. No entanto, será tanto maior quanto melhor for sendo a escolaridade e a riqueza da população, pois no mundo atual o mercado atua como "bricolagem" de culturas e interesses que atingem diretamente os mercados locais, tornando-os globais.

No custo do livro não se deixa de comparar o marketing existente em países desenvolvidos, forte, rico, audaz e atuante. Por outro lado, aqui a dimensão do marketing esta limitada aos objetivos que o mercado permite ter.

O mercado mundial do livro hoje, esta sobre a pressão do livro digital, já sendo, em alguns países, largamente utilizado (principalmente nos EUA, onde mais de 17% dos leitores tem acesso ao livro digital). No Brasil estamos começando a sofrer esta influencia, mas acredito que há um longo caminho pela frente, já que podemos afirmar que se os livros no Brasil são um dos mais caros do mundo, em termos relativos a renda per capita, que dirá sendo digital, que implica numa tecnologia digital, como aparelhos com leitura digital (e-books, Ipads, computadores), embora consigamos ler livros através dos computadores ligados a internet, no Brasil o acesso a internet ainda e precária, se levarmos em consideração todo o território nacional, a uma enorme carência, e preços proibitivos.

O Brasil de dimensões continentais tem tudo para ser uma potencia na leitura, só depende da vontade política e privada.


Curso: A PRODUÇÃO DO LIVRO: do autor ao leitor.
             Cátedra UNESCO de Leitura PUC - Rio
Aluna: Frini Georgakopoulos, turma 2009.2
Módulo: O negócio do Livro – prof. Elisângela Alves

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Livro eletrônico ou livro de papel?

Há quem já tenha decretado o fim dos livros de papel por conta do advento dos leitores eletrônicos – Kindle, Sony Reader, iPad e outros. Sabemos que a maior vantagem destes é a possibilidade de carregar em um único aparelho milhares de livros. Por outro lado, há os que não abrem mãos de suas obras impressas. A verdade é que os livros nunca foram tão ameaçados quanto agora.

A Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio, recebeu na terça-feira, dia 13, o economista Fábio Sá Earp, para uma palestra aos alunos do curso, A Produção do Livro: do autor ao leitor, na qual explicou sobre a economia da cadeia produtiva do livro.

Já Antônio Laskos, da SNEL (Sindicato Nacional de Editores de Livros) participou na quinta-feira, 15, onde falou num tom bem otimista que a pesquisa de mercado é fundamental. Sobre a leitura digital, ele afirmou que os leitores terão uma opção a mais para trabalhar, escolherão entre o livro ou o iPad. Laskos acredita que a tecnologia não será nunca contra a informação.

Entre tantos palestrantes que expõem suas opiniões, há os que dizem que esse “Negócio do Livro” não é lá tão lucrativo, enquanto outros afirmam categoricamente: “esse mercado dá é dinheiro”. Ficam algumas indagações para alguém como eu que futuramente pretende ser uma editora. De fato, faltam mais esclarecimentos.

As opiniões se divergem quanto se o livro tradicional irá acabar ou não, mas é bem verdade que se isso for acontecer vai demorar – e tenho esperança que vai demorar mesmo – não que eu esteja totalmente contra o livro eletrônico, mas ainda prefiro ler o meu livro, sentir o seu cheiro, ficar por horas sentada lendo e lendo. Quero ler e continuar a imaginar, não quero que a tecnologia faça isso por mim, no que depender de mim ainda vou resistir a essa tecnologia, embora, claro, eu ache que como uma futura editora tenho que me adequar a essa nova mídia.

Na época de estudante de jornalismo, muitos especialistas da área previam que a tecnologia digital colocaria fim ao jornal de papel quando na verdade os fiéis leitores do jornal impresso não desapareceram; eles diminuíram, mas não ao ponto de acabar com o jornal impresso o que vinha sendo muito discutido desde a expansão da internet nos anos 90. A televisão também não acabou com o cinema nem com o rádio. Os meios tendem a conviver.

Por isso acredito que o livro tradicional não vai acabar mesmo com todas essas vantagens do livro digital. Prefiro ficar com o meu livro de papel.

* Mônica Ferreira é jornalista, futura editora e aluna do curso de pós-graduação: A Produção do Livro: do autor ao leitor da PUC-Rio.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O livro e as novas tecnologias: uma opinião otimista

Por Taís Facina*

A história nos mostra que quando as novas tecnologias chegam, são para ficar. Não há como escolher se a queremos ou não, se vamos permanecer com os velhos métodos ou aderir aos novos, somos invadidos por elas. Podemos, particularmente, escolhermos não usar uma delas, como um telefone celular, por exemplo. Mas não há dúvidas que ele invadiu as nossas vidas, dominando a vida profissional e pessoal, de adultos e de crianças. E até salvando vidas, ao ser usado por um pedreiro que caiu de um precipício em São Paulo para chamar os bombeiros ou por um homem nos escombros do World Trade Center para dar sua localização exata. Então, querendo ou não, vamos ter que usá-lo um dia e até vamos agradecer por conseguirmos localizar um pessoa em algum momento difícil de nossas vidas.

Por isso, ao nos depararmos com essas novidades tecnológicas, não cabe a discussão sobre se elas são boas ou ruins, se substituem ou não tecnologias anteriores, como defende o filósofo estudioso do assunto Pierre Lèvy. Mas sim nos cabe pensar sobre que uso podemos fazer da invenção em questão.

Assim, em face aos iPad, Kindle, Sony Reader e demais aparelhos digitais de leitura que surgem cada vez mais rápida e aprimoradamente, por que pensarmos em se vai ser ou não o fim do livro? Temos que pensar, sim, em que formato vai ter o livro daqui por diante, de que maneira podemos aproveitar tais tecnologias para deixar o livro ainda mais atrativo e como essa nova forma de se transmitir informações vai interagir com a sociedade.

Pensando não como leitora, mas como profissional do mercado, não me assustam as novas perspectivas. A importância do editor, do revisor, do designer gráfico e de todos os demais profissionais que trabalham para a existência de um livro não tem relação direta com o formato no qual o mesmo é produzido. Todos esses trabalhadores continuarão a existir e a desempenhar seu papel fundamental no processo editorial. O surgimento dos computadores e, principalmente, dos softwares de diagramação, como o já obsoleto PageMaker, por exemplo, acabaram sim com os antigos ilustradores que faziam as páginas dos jornais por meio de um trabalho artesanal de corte e colagem de letras, blocos de texto e figuras. Mas também criou novos designers, ou modernizou os que conseguiram se adaptar às novas tecnologias, contribuindo para a evolução do conceito de diagramação existente até então. Assim, o trabalho do diagramador em um jornal sempre existiu e continua a existir, o que mudou foram as ferramentas utilizadas e a forma de se fazer o trabalho.

Por isso, acredito que pensar no fim do livro é uma questão de menor relevância no momento atual. Pode ser que ele acabe sim, da forma como o vemos hoje, e é muito provável que sim. Mas, quando chegar essa hora, talvez já nem nos importemos mais. Ou talvez quem veja esse fim não sejamos nós, mas sim nossos descendentes, já tão acostumados aos novos meios que nem perceberão o fim do livro. Afinal, depois que o aparelho de DVD foi lançado e barateado a ponto de todos poderem adquiri-lo, ninguém lamentou o fim do videocassete... O importante mesmo é que tanto os profissionais do livro como os leitores não ficarão desprovidos do mundo mágico das letras. Com certeza encontraremos diversas maneiras de produzir, vender, garantir direitos autorais e sanar todas as demais preocupações que enchem nossas cabeças atualmente, sem abrir mão desse instrumento transportador de sonhos, ideias, saberes e conhecimento que é o livro.

* Jornalista, editora e revisora de livros, e pretensa futura escritora
(para o módulo O Negócio do Livro, do curso de pós-graduação A Produção do Livro: do autor ao leitor)

terça-feira, 20 de abril de 2010

Duas palestras e um autor sem voz

(Carlos Eduardo Ferreira Guimarães*)

Na semana passada, a Cátedra da PUC recebeu dois representantes – Fábio Sá Earp e Antonio Laskos – na tentativa de melhor explicar o chamado “negócio do livro”. Earp e Laskos expuseram prós e contras de um universo que, até segunda ordem, é para poucos; o que não deixa de ter um quê de contradição quando pensamos em livros e cultura em geral como elementos originalmente gratuitos e básicos para a evolução de uma pessoa, um grupo ou uma sociedade.

Esqueçam o lado romântico. É um negócio, tão lucrativo ou espinhoso quanto abrir uma academia de ioga, uma banquinha de sucrilhos ou vender armas para o Talibã. Possui índices, cotações, está sujeito a crises e picos de expansão, ações e reações de governos, e certamente reza pela cartilha segundo a qual não existe almoço grátis (lá em casa, aliás, existe, mas certamente não para a maioria dos editores tupiniquins e estrangeiros...).

Dirá o autor: “Malditos sejam esses economistas, estatísticos e seus números!!! Eu quero publicar meu livro porque eu gosto de escrever! Eu quero ter um dilúvio de feedbacks e um maelström de críticas quando meu livro for publicado!!!”. Que pena. É um negócio, e não uma casa de caridade. Apesar de editores e demais profissionais do setor terem afinidade (i.e. tino comercial) com os mais dispares autores – sejam estes magos-arroz-de-festa ou adolescentes-ratos-de-shopping –, tiros no escuro estão proibidos. Na melhor das hipóteses, reze para que o governo compre seus livros.

De fato, mui chateado ficará o autor ao saber que boa parte dos lucros de muitas editoras termina contabilizada em gastos “pessoais” do editor, aumentando a imagem daquilo que se convencionou chamar “executivo-editor”, uma espécie de Roberto Justus versão livreiro. Pior: um executivo que não raro choraminga por causa de alguma crise do mercado mas que, por uma dessas matemáticas da economia globalizada, não vai parar numa pensão de quinta no Centro.

Ao analisar o que foi dito por Earp e Laskos, este vosso humilde escriba tem a impressão de estar no filme “Um Lobisomem Americano em Londres”, de John Landis. Mais precisamente na cena em que os dois protagonistas perambulam por um campo nebuloso à noite, sem noção de onde estão ou do que os rodeia. Mas certos de que boa coisa não é.


* Carlos Eduardo Ferreira Guimarães
é jornalista, escritor e aluno do curso de "Produção Editorial", pós-graduação da PUC-Rio.

Cadeia produtiva do livro: pessimismo, otimismo e ocultamentos

As falas do Fábio Sá Earp e do Antonio Laskos proferidas – respectivamente nos dias 13 e 15 últimos, na Cátedra Unesco de Leitura – são bons exemplos dos lugares e tempo ideológicos que representam. O primeiro, economista; o segundo, estatístico. Enquanto Earp está investido da autoridade acadêmica e, óbvio, da sua trajetória profissional como consultor e prestador de serviços tanto ao Estado quanto à iniciativa privada, Laskos desfruta da aura de homem de números exatos, a serviço da ciência pura, e, portanto, capacitado a fornecer informações precisas ao SNEL (Sindicato Nacional de Editores de Livros), entidade que representa. Investem-se os dois de autoridade suficiente para falar de um assunto comum, o livro e o seu lugar no mercado. Em convergência, os números com os quais trabalham; em divergência, a interpretação que fazem deles. O recorte que fazem assegura aos dois características singulares nas verdades que precisam e querem construir. Aos ouvintes, personagens também representantes de lugares e tempo ideológicos também singulares, caberá a estimulante tarefa de selecionar e relacionar informações à guisa de sobrevivência no espaço social que ocupam ou pretendem ocupar.

Na fala dos dois, ocultamentos precisam ser preservados. No discurso pessimista de Earp revelou-se por provocação da assistência uma informação envergonhada. As retiradas são contabilizadas como despesas e não como lucro, que, em regra, quase não existe! Será preciso passar-se por setor frágil para se manter no jogo do mercado? Ou a iniciativa privada brasileira faz o discurso conveniente ao interlocutor da vez, mesmo correndo o risco de mostrar-se contraditória? Em que momento a intervenção do Estado é interessante, em que momento é dispensável?

Laskos, por sua vez, quer oferecer otimismo. Parece ver o mercado como um cheque pré-datado, virtualmente potente, mas que, de fato, ainda vai acontecer. Somos o país do futuro afinal, e nesse discurso cabem promissoras tecnologias digitais, com recursos nunca antes pensados na história deste país! Bem, esse já é um outro discurso! Devemos sorrir para esse país do futuro, mas também deveríamos cuidar desse mercado ainda muito mal entendido dos livros impressos, em toda a sua cadeia produtiva. Tantos ocultamentos fazem-nos, alunos, especular que uma fração desse desconhecimento é conveniente para, pelo menos, parte de seus agentes. A História nos mostra que o Estado já cobriu dívidas de editoras, e ainda é um seu comprador de substância, para manter boa parte das editoras nacionais.

A falta de clareza de como funciona a cadeia produtiva do livro no Brasil constitui um problema para quem é novo e quer se estabelecer no mercado. As grandes empresas editoriais brasileiras passam também por uma reformulação. Algumas são compradas, parcial ou integralmente por multinacionais, sobretudo as espanholas. Outras ainda procuram manter-se encasteladas em suas rotinas, para que “o pulo do gato” não seja revelado, e seus privilégios (até quando?), de alguma maneira, sejam mantidos. Poucas parecem ter acordado para uma verdadeira modernização desse mercado, mas já capacitam seu material humano, além, claro, de investir em novas tecnologias. Tudo diferente disso concorre para uma miopia de mercado, que só o estagna em seu aparente conforto.

domingo, 18 de abril de 2010

A pergunta da vez

(Simone Bassani*)

O mercado editorial mundial despertou (ou levou um susto) para a nova era com o aparecimento do último lançamento da Apple, o iPad. Criado para ser um computador portátil, com finalidade de ser leitor digital, o aparelho cumpre a função com alta tecnologia e desperta a imaginação e magia de crianças e adultos pela perfeição da resolução das imagens de ilustrações de títulos infantis (caso de Alice no País das Maravilhas, clássico do escritor Lewis Carroll e do ilustrador John Tenniel, de 1865. Um pequeno vídeo no Youtube faz uma demonstração - http://migre.me/xHlm), e por consequência, deixa "no chileno" os outros eReaders que já circulam no mercado - o Kindle da Amazon e o Sony Reader.

As editoras estão modificando a política de trabalho na intenção de ter uma adequação nesse novo mercado. Porém, nem grande parte da população brasileira tem acesso aos leitores digitais já existentes, quem dirá o iPad. Com pouquíssimos títulos publicados em língua portuguesa, esses aparelhos não estão disponíveis no "mercadão popular". Nos Estados Unisdos e em quase todos os países do continente europeu, os eReaders convivem em harmonia com o livro de papel.
Caros e vendidos em dólar, eles são quase uma raridade para a realidade do brasileiro, que sequer tem poder aquisitivo para ser um comprador assíduo de livros de papel. Existem prós e contras para a entrada do livro digital no Brasil. A diferença entre o a papel e o pixel divide a opinião de leigos e especialistas no assunto. O livro de papel leva consigo o romantismo de apaixonados que cultuam o prazer de escolher com calma os títulos em uma enorme livraria, por exemplo. Ou ainda o cheiro das páginas e pequenos detalhes e marcações que o leitor faz como todo o cuidado para não amassar as folhas. Intitulada como a primeira eBook Store do país, a editora Gato Sabido entrou de cabeça no universo dos livros digitais. Além de títulos em inglês e português, vende eReaders da marca COOL-ER em diversas cores, com preços que variam de R$ 750 a R$ 780 reais. (Para mais informações, o site da editora é http://www.gatosabido.com.br/).
Esse mercado de livros digitais é recém-nascido no nosso país que tem pouco mais de 500 anos. Nesse tempo, a máquina de escrever, clássica nas redações de jornal, deu espaço ao computador. O mesmo não acontece com o rádio, que, com o aparecimento da televisão, encontrou o seu público e sua maneira de sobreviver à era da imagem. Aí veio a internet, que apenas complementa o mundo da informação, encurta distâncias e aproxima diferenças, sendo considerada, junto com o celular, uma das maiores e melhores invenções de todos os tempos. Resta saber como será a revolução do livro. Só o tempo e o espaço, e principalmente a população, permitirão que essa transformação se concretize, dando ao mercado terá a resposta da pergunta do futuro: "Será o fim do livro de papel?"
*Simone Bassani é jornalista e aluna do curso de pós-graduação de "Produção do Livro: do autor ao leitor" da PUC-Rio.